Nota: O texto contém spoilers.
Será Demon Slayer assim tão bom quanto a sua fama? Bom, na minha opinião, a resposta é… mais ou menos. (Já começamos mal, não?)
Após várias desistências e insistências, bem como algum esforço em determinados episódios, terminei recentemente de ver Demon Slayer. Estamos a falar de um período de mais de seis meses certamente, talvez até mais. A série começou bem, mas sem me deixar propriamente entusiasmado com a sua premissa ou eventos iniciais. Eventualmente, e poucos episódios depois, senti que começou a arrastar-se aos poucos, mas já lá vou. Confesso que por volta do episódio 13, foi quando decidi desistir porque já não me suscitava qualquer interesse, mas durante as semanas e meses seguintes, continuava a ouvir falar do episódio 19. Do tal episódio 19 do qual ninguém se calava!
Deixem-me ser honesto; só fiz um esforço para ver o que de tão especial tinha este tal episódio 19. Resultado? Bom, efetivamente a animação de uma parte do episódio é claramente incrível, embora com todo o hype gerado em torno do mesmo, o impacto em mim não tenha sido fenomenal. Apesar disso, continuo a achar que o estúdio Ufotable fez um trabalho tão bom, ou melhor, em Fate/Zero ou Fate/stay night: Unlimited Blade Works. Convém não esquecer o clássico Garden of Sinners, mas isso agora fica para um outro próximo artigo.
Kimetsu no Yaiba (só para variar) goza de uma enorme fama, mas, muito honestamente, e depois de ver a série, não acho que seja assim tão especial ou fora da caixa. Não digo que seja má, pois não o é. Porém, não é tudo aquilo que dizem ser. (Já sinto os olhares com lasers a disparar contra o ecrã.) O setting é efetivamente interessante, embora não totalmente original. Tanjiro – a personagem principal – é o típico rapaz que procura desafiar tudo e todos, e ir o mais além possível para salvar a sua família; neste caso, a sua irmã Nezuko, a qual se tornou num demónio, embora ainda com consciência. O seu objetivo é derrotar os demónios – os quais também chacinaram totalmente a sua família – de forma a descobrir uma possível cura para a sua irmã. Até aqui, tudo normal, certo? Pois, e assim o é até ao final da primeira temporada. Não esquecer que esta é a opinião de alguém que ainda não leu a manga, logo, apenas posso comentar os eventos da série.
Por outro lado, estamos a falar de um shounen, género o qual é, muitas vezes, constituído por uma narrativa simples e direta (na maioria dos casos, pois há exceções à regra). Durante a primeira temporada, e apesar dos 26 episódios, senti que a história de Demon Slayer acaba por não se desenvolver assim tanto. Os eventos não foram assim tantos, mas, por outro lado, também não posso afirmar que tenham sido esticados ou se foi uma adaptação direta da manga. E mesmo que tenha sido, a minha opinião não se altera.
O pacing da série (ou, se preferirem, ritmo) não é perfeito. Algures no segundo terço da série, penso que leva demasiado tempo naquela casa onde ficamos a conhecer os companheiros de Tanjiro: Inosuke e Zenitsu. E por falar em Zenitsu… HAJA PACIÊNCIA!! Que personagem tão irritante na sua forma de estar e agir. É claramente a personagem que tenta adicionar alguma comédia a uma série com um tom mais sério, mas acho que extrapolaram os limites do aceitável. Também é possível que a minha paciência já não seja tão condescendente para com este tipo de personagens, mas uma coisa é tentar ser engraçada, outra é agir de forma totalmente desenquadrada do espírito da série (o que também não é um problema, por isso quem está mal sou eu). O seu único momento que merece destaque foi quando conseguiu eliminar um inimigo no seu singular confronto mais a sério, isto com um flashback à mistura (o que nos dá a conhecer, por instantes, um pouco do seu passado obviamente). Após isto, voltamos à carga com a mesma postura e só pára quando a série termina. Não me recordo de uma personagem que tenha mexido tanto com os meus nervos, mas assumo que não estou sozinho. Estarei?
Então, afinal, o que se destaca em Demon Slayer? A animação? Sim, a animação tem os seus momentos – principalmente nos ataques especiais – mas, fora isso, longe de conseguir quebrar barreiras. A banda sonora é efetivamente boa e quanto a isso, não há nada a dizer. No que diz respeito à narrativa em si, não estou minimamente investido na luta de Tanjiro em curar a sua irmã, mas confesso que é o mundo em si, principalmente com os que nos foi mostrado nos últimos episódios, e no trailer do filme, que me deixou bastante intrigado. Com o recente anúncio da segunda temporada, e enquanto o filme não estreia fora do Japão, é possível que possa dar uma oportunidade à manga e tentar perceber se mais vale ler a obra original e espremer logo o sumo todo, ou se mais vale esperar e tentar usufruir da vitamina fresca após servido.
Resumindo e baralhando, Demon Slayer não é de todo uma má série. Existem vários pontos positivos, mas, acima de tudo, não acho que seja aquilo que a sua fama demonstra. Talvez não tenha sentido o mesmo clique e ligação que grande parte das pessoas sentiram, mas, felizmente, nem todos gostamos do mesmo e isso é bastante positivo.