Quem nunca sonhou ter superpoderes como os clássicos super-heróis da Marvel? Desde a força sobre-humana do Captain America ao poderoso (e espetacular) fato do Ironman? É verdade que aos longos dos anos, foram lançados vários videojogos que permitiram realizar estes sonhos. Porém, em 2020, tivemos outra oportunidade para encarnar vários heróis em Marvel’s Avengers.
Tendo em conta a enorme popularidade dos Avengers, graças ao imenso sucesso dos filmes e das comics, fazia sentido mais cedo ou mais tarde, podermos interpretar estas personagens e usar os seus poderes num videojogo. Sim, podem vestir os calções do Hulk (não se preocupem, a força vem junto) ou serem dignos do utilizar o famoso martelo do Thor, Mjolnir. Neste título, também temos a companhia de uma nova Avenger, assim como muitos outros heróis que chegarão mais tarde através de conteúdo adicional. Nesse sentido, decidi assumir o papel de uma destas personagens e aventurar-me neste universo da Marvel, no qual tenho acompanhado nos últimos anos através do cinema.
Um mundo de superpoderes
Este jogo decorre num universo onde a sociedade coexiste com o famoso grupo dos Avengers. Esta equipa de super-heróis, é constituída por 5 elementos: Captain America, Ironman, Thor, Hulk e Black Widow. É com a presença deles que a segurança está presente nas vidas das pessoas. Contudo, existe sempre algo maligno à espera do momento perfeito para atacar e, desta vez, nem os Avengers conseguiram impedir o desastre que estava para acontecer. Como assim? Bom, os Avengers decidiram realizar uma grande festa pela paz que tinham estabelecido, onde organizaram várias atividades para os fãs. Ao mesmo tempo, decidiram revelar um novo tipo de energia, conseguido através de um material misterioso chamado Terrigen. Esta foi descoberta em conjunto com o Dr. George Tarleton e Monica Rappaccini, os antagonistas.
Este dia tinha tudo para ser perfeito, no entanto, o caos instalou-se rapidamente com um ataque de surpresa. Os Avengers entraram logo em ação e apesar da luta que deram, não conseguiram evitar uma enorme explosão. Em consequência, uma névoa originada do material Terrigen, foi espalhada pela cidade de San Francisco, criando assim os InHumans (humanos com poderes). No final, os Avengers foram acusados como responsáveis por este desastre, terminando assim uma era de heróis com poderes. Uma das pessoas afetadas por este acontecimento, é a nossa nova heroína Kamala Khan (futura Ms.Marvel). Esta é a personagem principal desta história e confesso que adorei a aventura que a Kamala decidou agarrar, uma que exigiu coragem e determinação para convencer os Avengers que a culpa não foi deles e que o mundo precisa deles mais do que nunca. Uma típica história de super-heróis? Diria que sim, mas não posso ignorar o facto de ter imenso potencial de exploração graças aos InHumans. O resultado é uma história muito bem conseguida e divertida, no qual me deixou com nostalgia dos filmes.
Confesso que a Kamala foi das maiores contribuições para esta narrativa, bem como para a minha experiência, tornando-se numa das minhas personagens favoritas. Todavia, esta campanha acaba por ser um pouco prejudicada devido à repetição dos seus cenários. Apesar de haver justificações narrativas para tal, acabei por sentir alguma fadiga durante a jogabilidade. Estes mapas também são bastante extensos, onde podemos explorar e descobrir mais loot para a nossa personagem, assim como podemos encontrar colecionáveis. Porém, isto acaba por se tornar numa tarefa entediante devido ao seu tamanho e acabamos por perder ao ficar mais tempo em missão. É importante mencionar que senti mais acessibilidade na exploração através de certas personagens. A título de exemplo, enquanto que a Kamala possui uma mobilidade excelente para alcançar locais altos, já o Hulk possui um movimento mais lento, mas compensado pela sua força noutros momentos. A vantagem do grande tamanho destes locais, é a possibilidade de suportar uma boa quantidade de inimigos, que acabou por me incentivar à experimentação dos meus poderes em combate.
Uma boa e recente notícia, foi o anúncio e atualização do jogo para as novas consolas, proporcionando uma jogabilidade mais fluída (não podia estar mais agradecido) e melhorias gráficas. Para esta análise, a plataforma de eleição foi a PS5 em modo de Desempenho, pois não consegui abdicar da experiência fantástica dos 60FPS. Apesar disso, os visuais continuam excelentes e apenas em alguns momentos onde a ação era mais caótica, é que consegui visualizar detalhes com pouca resolução. Isto deve-se ao facto de o jogo utilizar uma resolução dinâmica, mas estes foram raros durante a minha jornada heroica.
Durante a mesma, fui acompanhado de uma banda sonora típica de um super-herói. Isso é mau? Pelo contrário! Esta contribuiu imenso para a minha aventura, seja em combate ou em momentos épicos que estavam prestes a acontecer. Algo que também devem saber, é que estas personagens são interpretadas por atores diferentes dos filmes, mas, apesar disso, realizaram um excelente trabalho ao dar vida a estes heróis adorados. Bom, mas afinal qual a sensação de (por exemplo) ser o Ironman e poder voar e disparar lasers? É, de facto, surpreendentemente espetacular.
Um catálogo de super-heróis com tendência a crescer
E como são as aventuras neste universo? Bastante divertidas! A estrutura das missões acaba por ter um objetivo principal composto por partes, mas acaba por ser algo linear até ao final do nível. Após cumprir o meu dever heroico, voltei para o Hub World do jogo que consiste numa nave bem armada, onde é possível comprar itens, interagir com objetos e heróis, verificar tarefas de fações aliadas (objetivos adicionais) e, por fim, as missões principais e secundárias. Bom, não falta conteúdo, pois não? Para além disso, existem momentos durante a jogabilidade onde é possível surgir algumas atividades opcionais, como por exemplo, salvar membros da SHIELD (um dos nossos aliados), onde somos recompensados com mais loot. Por falar neste último ponto, um herói tem de estar sempre equipado para uma batalha certo? Honestamente, acho que o Hulk discorda, mas vamos continuar.
Para todas as personagens, podemos (e devemos) equipar armaduras que aumentam a nossa defesa e os restantes atributos, assim como podem oferecer alguns buffs em combate. É possível fazer upgrade a estes itens e a sua raridade é distribuída por cores, algo comum em RPG’s. Esta componente é uma das razões para nos incentivar a jogar várias vezes, de forma obtermos o melhor equipamento possível para cada um dos heróis. Para além disso, temos ainda várias habilidades para desbloquear, colecionáveis e personalização cosmética (skins, nameplates, entre outros). Mas então o loot não muda a aparência do herói? Estranhamente, não, pois existem skins com esse propósito. Estas são desbloqueadas ao cumprir certos desafios, ou através de uma moeda específica, que obtemos através de microtransações. Este método acaba por ser controverso e aqui não foge à exceção, pois se quiserem mudar facilmente e rapidamente a aparência do vosso herói favorito, terá de ser desta forma. Todavia, temos de ter em conta que ainda é possível obter estas skins sem gastarem dinheiro adicional.
Mesmo com tantos pontos positivos, a vida de um super-herói não é fácil. Apesar de existirem várias missões, algumas até dedicadas a certas personagens, a repetitividade mantém-se. Como já tinha mencionado, Marvel’s Avenger utiliza várias vezes os mesmos locais e os objetivos acabam por ser muito semelhantes. O mesmo problema se transmite no multiplayer que reutiliza a mesma estrutura. Contudo, a jogabilidade mantém-se sempre divertida e com a companhia de amigos, a experiência de salvar o mundo é mais entusiasmante. Existem, claramente, boss fights bastante desafiantes, que resultam em algumas batalhas caóticas, mas nem todas usufruem da mesma qualidade e acabam por deixar a desejar, especialmente durante a campanha. Contudo, a última luta é como esperava, épica.
No final, temos um título com bastantes horas de jogo e que me fez lembrar nomes como Destiny, mas aqui vestimos o nosso fato heroico e andamos à pancada aos vilões. Contudo, partilham os objetivos semelhantes de desbloquear mais customização e melhor equipamento para a nossa personagem. Ainda sobre a personalização, todos os dias existem novos itens aleatórios para comprar, assim como poderão aparecer em futuras atualizações ou DLC’s. Desde o lançamento do jogo, já saíram dois DLC’s que continuam a narrativa e nos permitem jogar com mais duas personagens novas, Kate Bishop e Hawkeye. Estes são gratuitos e está confirmado que iremos receber mais companhia, desde o Black Panther até à personagem exclusiva da PlayStation, o Spider-Man.
Avengers! Assemble!
Marvel’s Avengers é um título bastante ambicioso e não podia ser de outra maneira. É um jogo baseado nas amadas e muito populares personagens da Marvel, logo as expectativas foram sempre muito altas. Por um lado, estas são cumpridas através da sua narrativa excelente, personagens carismáticas e jogabilidade divertida. Em conjunto com uns visuais soberbos e uma banda sonora épica, tem tudo para os fãs deste universo se deliciarem. Contudo, a reutilização de missões, objetivos e locais, torna a experiência repetitiva e a dimensão dos locais com metas lineares também não ajuda. Apenas os novos conteúdos poderão ajudar neste aspeto, caso não sigam a mesma prática. Apesar disso, é um título que merece atenção de todos os fãs de super-heróis, principalmente se conseguirem jogar com amigos e partilhar a aventura. Então Avenger, estás preparado para salvar o mundo?
Uma história de super-heróis encantadora
Visuais soberbos e uma banda sonora épica
Jogabilidade divertida e caótica
Personalização extensa para cada herói
DLC’s gratuitos com mais conteúdo e personagens
Estrutura das missões algo repetitiva
Os mapas acabam por serem desnecessariamente grandes
Data de Lançamento: 04/09/2020
Produtora: Crystal Dynamics, Eidos Montreal
Editora: Square Enix
Género: Ação, Aventura
Plataformas: Xbox One, XSX, PS4, PS5, Microsoft Windows, Google Stadia
Foi disponibilizado um código para análise. (PlayStation 5)